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Ser enfermeiro é ser líder, necessariamente?

O enfermeiro, com bastante frequência, assume funções de liderança dentro da equipe de enfermagem: todo serviço de saúde necessita de supervisores, coordenadores, além dos gerentes de enfermagem.

Antigamente, quando me formei em enfermagem pela Unicamp, diziam que a liderança é uma habilidade inata. Ou seja, ou nascemos líderes ou não. Como se fosse uma habilidade genética.

Sofri muito com isso, pois eu achava que eu não tinha nascido com esta habilidade, pois adorava cuidar dos pacientes, mais nada. Era 100% assistencial.

O que eu não sabia é que o que eu fazia dentro da minha equipe de 2 auxiliares de enfermagem já era liderança.

Quando assumi pela primeira vez a função de coordenadora descobri que eu podia aprender a ser líder. E comecei a estudar. E descobri que, ao cuidar da equipe de enfermagem, estava indiretamente também cuidando dos meus pacientes (enfermeiro satisfeito = paciente bem cuidado).

 

Mas o enfermeiro(a) está preparado para assumir a função de liderança?

Consta na biblioteca virtual do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) publicada, em 2018, que o enfermeiro é líder “nato” da equipe de enfermagem. Isso 40 anos depois que eu ingressei na faculdade de enfermagem, veja só!

São os padrões inconscientes que repetimos. E com isso poucas faculdades nos ensinam a sermos líderes.

E quando o enfermeiro se depara com uma equipe e não sabe nem por onde começar a ser líder, isto gera muito angústia. Além de se achar incompetente para ser líder, para administrar os conflitos da equipe, ainda se culpa por não ter esta habilidade nata.

Na Canguru Desenvolvimento Humano, nós atendemos inúmeros enfermeiros com esta dor. E, por acharem que deveriam saber liderar, a maior dor é não poder admitir esta “fraqueza”.

 

Primeiro passo é ser líder de si mesmo

Então o enfermeiro precisa ser líder ou gestor. Mas líder de quê, perguntamos?

O enfermeiro, mesmo que não tenha uma função específica de liderança, como coordenação ou gerência, ele deve sempre ser líder de sua equipe e de seu setor – sejam eles de que tamanho forem. Isto não há dúvida.

Mas antes disto, o que talvez os enfermeiros não saibam, é que eles precisam ser líderes de si mesmos. Sim, precisam aprender a administrar suas emoções, seus pensamentos, suas reações.

Muitas vezes a equipe conhece o enfermeiro melhor do que ele a si mesmo. E com isso ele está sempre em descompasso com esta equipe, pois a primeira competência que ele precisaria desenvolver – a autogestão – ele não tem.

 

Autogestão ou Gestão do EU na enfermagem

E como fazer a autogestão?

O Centro de Estudos CEEN afirma que uma das principais características da liderança em enfermagem é o Autoconhecimento.

É fundamental que o enfermeiro(a) invista no autoconhecimento, analisando como a sua personalidade influencia os processos profissionais e como modificar alguns comportamentos a partir deste conhecimento.

Ele precisa identificar quais as crenças e sabotadores que o levam a se defender da equipe ou a compactuar com ela, querendo ser seu “amigo” ao invés de seu líder.

Alguns sentimentos e atividades conhecidamente prejudiciais, como ansiedade, baixa autoestima, medo de falar em público, alta irritabilidade, impaciência para explicar orientações, entre outros, devem ser trabalhados de uma maneira objetiva e gradativa.

Por meio do autoconhecimento, o enfermeiro poderá aprender que não agradará a todos e nem precisa da aprovação de todos. Pode ser quem é, aprendendo a lidar com suas limitações e superando desafios, desde que alinhados com seus valores.

 

Enfermeiro(a) que tipo de líder você é?

Talvez seja importante definir o tipo de liderança para cada empresa: líder autocrático, centralizador, etc. Mas, mais importante do que definir o tipo de líder que você é, é definir quem você é.

Você sabe quem você é? Sabe qual o seu propósito? Você se sente seguro fazendo o que faz? Você ama o que faz? O que o motiva a acordar todos os dias? Como você motiva a sua equipe?

Se você não souber as respostas para as questões acima, dificilmente será um bom líder, pois liderar é contagiar.

 

Liderança por interstício

Você lembra o que é interstício? Segundo o dicionário, é um pequeno espaço entre as partes de um todo ou entre duas coisas contíguas (p.ex., entre moléculas, células, dedos etc.).

A melhor liderança é aquela conduzida pela proximidade, pela conectividade. Todos estamos conectados e um líder precisa, além de estar conectado, estar em sincronicidade com sua equipe. Não precisa necessariamente gostar de todos, mas precisa de inteligência emocional.

E como ter inteligência emocional se você nem conhece quais são suas forças? Quais são suas fraquezas? Quais são seus valores? Qual seu propósito de vida?

 

Enfermeiros(as) não se sintam só

Se, ao ler este artigo, você se identificou com algum destes aspectos da liderança (ou da falta dela), não se sinta só nem triste ou frustrado. Estamos todos no mesmo barco. Hoje temos muitos recursos para ajuda-lo neste processo de autoconhecimento e autogestão.

Como eu disse, quando me tornei coordenadora, fui buscar conhecimento fora. Mas eu teria encurtado muitos caminhos, se tivesse começado a busca em outro lugar: dentro. Todas os recursos de que precisamos estão dentro de nós.

Então não se desespere. Basta você decidir dar o primeiro passo: em direção a você mesmo!

 

 

Carmen Rodrigues

Diretora Executiva da Canguru – Desenvolvimento Humano

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