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Aposentadoria: crise ou liberdade?

Me aposentar? Não me aposentar? O que fazer agora?

A aposentadoria tem sido um tema muito solicitado em nosso trabalho com mulheres 50+. É um momento que, apesar de muito desejado, traz muito sofrimento, crises e dificuldades em tomar decisões e em fazer adaptações.

Afinal, há 30 anos atrás, quando pensávamos em nos aposentar, tínhamos outra ideia de como seríamos aos 50 ou 60 anos. Hoje nos sentimos jovens, com muita vida pela frente, e não sabemos como prosseguir.

Além do mais, temos muitas crenças relacionadas ao dinheiro, ao tempo, à velhice, à solidão, que envolvem este momento.

Por isso busquei na literatura trabalhos que nos ajudem a refletir este tema com você.

 

O que significa aposentadoria para você?

A aposentadoria é vivenciada por cada um de formas diferentes. Alguns sofrem com o possível rompimento dos laços de amizade, da convivência diária, da rotina estabelecida em anos de dedicação ao trabalho formal e de uma identidade profissional construída ao longo da carreira.

É comum muitos de nós nos identificarmos com nosso trabalho. Por muitos anos me apresentei como sendo enfermeira, como se isto fosse quem eu era.

Outros se adaptam mais facilmente, não vivenciam o afastamento do trabalho com sofrimento e tampouco o associam a um rompimento.

Santos (1990) define essa dualidade de sentimentos referentes à aposentadoria como crise ou liberdade, ou seja, de um lado estão os que vivenciam esse fenômeno como tensão e, de outro, aqueles que percebem a aposentadoria como uma oportunidade de mudança para uma vida com mais autonomia e prazer.

Apesar dessas diferenças individuais, em geral os trabalhadores almejam uma aposentadoria bem-sucedida. Mas o que fazer para se viver uma aposentadoria com qualidade de vida?

 

O que os estudos dizem?

Para Wang, Henkens e van Solinge (2011), uma boa adaptação à aposentadoria dependerá dos recursos internos que cada um possui – de seu grau de autoconhecimento – e da capacidade de aquisição e de mudança destes recursos ao longo da vida.

Além disso, planejar-se com antecedência também é requisito fundamental para uma aposentadoria bem-sucedida, segundo eles, pois promove atitudes positivas e aumenta a satisfação com a aposentadoria em comparação aos que não se planejaram.

Sendo assim, saber o que significa para você uma aposentadoria com qualidade de vida é a melhor forma de adaptar-se a essa fase, além de poder ajudar na decisão de se aposentar e na elaboração de um planejamento eficiente. Isso é possível por meio do autoconhecimento.

 

Aposentadoria como crise

No trabalho estudado, de autoria de Cristineide Leandro-França, da Universidade de Brasília, Brasília-DF, ela relata que no estudo de Santos (1990), 51% dos participantes relataram representação negativa e vivência da aposentadoria como crise. Ele categorizou este grupo da seguinte forma: aposentadoria recusa (37%) e aposentadoria-sobrevivência (63%).

A primeira categoria (aposentadoria recusa) relatou comportamentos de não aceitação da condição de aposentado, ausência de projetos de vida fora do trabalho e associação de aposentadoria a velhice, morte, inutilidade e ausência de objetivos em suas vidas. Os aposentados atribuídos a esta categoria tinham um alto padrão econômico e um papel profissional de prestígio que proporcionava ganhos sociais e poder, tornando difícil a desvinculação da identidade profissional e a aceitação da condição de aposentado.

Os participantes atribuídos à segunda categoria eram pessoas de níveis econômicos desfavorecidos e que super investiam no papel profissional, tanto por questões financeiras quanto por considerá-lo a única fonte de valorização e de inclusão social. Para estes participantes, o fato de não trabalhar, em consequência da aposentadoria, era vivenciado com sentimentos de fracasso, inutilidade e impotência.

Percebe-se que este fenômeno afeta principalmente as pessoas que não fizeram uma reserva financeira ao longo da vida, não possuem moradia própria, ajudam financeiramente os filhos e netos ou gastam um percentual significativo do seu salário com medicações para tratamento de alguma doença crônica.

Como sair desta rota que parece inexorável?

Para a questão financeira o estudo sugere corte de gastos, a inclusão da família no planejamento financeiro e o incentivo à autonomia dos filhos, sendo esta última de grande relevância, na medida em que, ao estimular a independência financeira dos filhos, sobrará mais dinheiro para o aposentado investir em sua própria saúde, lazer e qualidade de vida.

Além disso, nós sugerimos uma aposentadoria ativa, utilizando todos os recursos e aprendizados adquiridos ao longo da vida em um novo projeto, preferencialmente relacionado ao propósito desta nova fase da vida.

Quanto ao declínio da saúde, o estudo cita apenas a saúde física. Mas nós sabemos hoje que esta é consequência da saúde espiritual, energética, emocional e mental. Portanto, para que você não gaste grande parte do seu salário com doenças, sugerimos que comece a gastar com saúde.

Invista em qualidade da alimentação, bem estar, lazer e coisas que lhe façam bem para o físico e para a alma.

 

Crise no núcleo familiar

O estudo ainda diz que a decisão de se aposentar pode afetar o núcleo familiar e dificultar o convívio conjugal, principalmente quando o aposentado não possui atividades de ocupação ou de lazer externas ao convívio familiar (Zanelli, 2012).

A permanência contínua no lar pode causar estresse no companheiro e nos filhos. É possível que o aumento no tempo de convivência com a família faça com que você perceba situações que antes não conseguia enxergar, seja por falta de tempo ou por se esquivar do problema. Ao tentar modificar as situações familiares que julga serem inadequadas, especialmente se for por meio de comportamentos autoritários e de imposição, você lidará com conflitos que talvez dificultem a dinâmica familiar consolidada ao longo dos anos.

Se a relação conjugal já não era muito saudável, com um convívio mais frequente ela se agravará e os problemas serão agora evidentes.

Desta forma, a fim de que a aposentadoria não afete a relação conjugal, novamente é fundamental que o casal reflita, compartilhe dúvidas e medos, realize um planejamento em conjunto e estabeleça objetivos convergentes (Soares & Costa, 2011) para uma convivência com harmonia.

Vamos agora ao outro grupo.

 

Aposentadoria como liberdade

A aposentadoria-liberdade consiste na percepção da aposentadoria como um acontecimento positivo e uma situação de não crise. No estudo de Santos (1990), 59% dos participantes nesta categoria possuíam um nível econômico privilegiado, como os da aposentadoria-recusa, mas se diferenciavam desta por não limitar suas identidades apenas à ocupação profissional.

Ou seja, tinham outros propósitos, além do trabalho. Sabiam que sua profissão não os definia como sujeitos.

Os resultados provenientes da aposentadoria-liberdade foram associados à construção de projetos de vida antes e após a aposentadoria, como, por exemplo, realizar atividades de lazer e intelectuais, e à concepção da aposentadoria como um período de realização, de liberdade, que lhes possibilita dedicar-se a atividades que dão prazer, sem a rigidez de cumprir horários.

Neste estudo foram encontradas como principais variáveis que facilitaram que esta transição fosse em direção à liberdade e não como crise: a presença de boa autoestima, auto eficácia, autonomia, coesão familiar e rede de apoio social (amigos).

Além disso, possuir boa saúde física e mental, aposentar-se para realizar outras atividades, engajar-se em um trabalho formal, em atividades de lazer e de voluntariado e ter uma relação conjugal positiva, assim como uma boa condição financeira, são condições que favorecem a adaptação à aposentadoria (Wang, Henkens, & van Solinge, 2011).

 

O que você conclui?

Podemos concluir que uma aposentadoria vivenciada mais como liberdade e menos como crise dependerá do desenvolvimento de características que funcionem como fatores de proteção, as quais favoreçam uma boa adaptação à aposentadoria e diminuam as vulnerabilidades nessa fase da vida.

E quais são estes fatores de proteção? Todos aqueles que vimos apresentando como os pilares de um envelhecimento saudável, com independência e autonomia, além de boa alimentação, qualidade do sono, exercícios físicos: saúde (energética, emocional, mental e física), saúde financeira e propósito de vida. E para tudo isso, um bom planejamento é necessário.

 

E o que é preciso para alcançar este estado de liberdade?

Autoconhecimento. E começar agora. Não importa a idade que você esteja, se já está aposentada ou ainda vai se aposentar. Como diz Dra. Maísa Kairalla, médica geriatra: “sobre o preparar para o envelhecimento, vale sempre o mantra: quanto mais cedo melhor, mas nunca é tarde”.

Nós, da Canguru DH, trabalhamos incansavelmente para ajudar você a encontrar seu propósito em seu envelhecimento, como uma oportunidade de viver uma nova vida.

Conte conosco.

 

 

Se quiser saber mais sobre este estudo, acesse https://www.researchgate.net/publication/278156535_AposentadoriaCrise_ou_Liberdade

 

Se quiser ler nosso texto sobre aposentadoria ativa acesse: https://bit.ly/3FY2Kq8

 

 

 

 

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