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dor em idosos

Ser idoso é ter dor?

Falando da dor física, a resposta é NÃO! Esta condição não precisa fazer parte do envelhecimento.

Sentir dor uma vez ou outra é bastante comum. E é até mesmo um sinal de alerta do nosso organismo para indicar que algo está errado. Mas imagine ter de conviver com esse desconforto todos os dias? Infelizmente essa é a realidade de muitos idosos que são afetados por dores crônicas, ou seja, que persistem por mais de três meses e, às vezes, de forma intensa.

20 a 50% dos idosos apresentam algum problema de saúde que causa dor

De acordo com dados da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), estimam-se que de 20 a 50% dos idosos apresentam algum problema de saúde que causa dor. E esses números aumentam quando a pessoa é hospitalizada, variando de 45 a 80% dos casos. E mesmo quando buscam ajuda médica, mais de 50% não recebem um tratamento adequado para controlar a dor.

 

“A dor crônica nos idosos é uma doença por si só. Ela afeta muito a qualidade de vida, pois essas pessoas têm mais depressão, ansiedade e podem se isolar. É comum que a dor crônica seja sub diagnosticada pelos profissionais de saúde, o que compromete o tratamento”, destaca Diogo Kallas, presidente da comissão de dor da SBGG. Além disso, quem convive com a dor frequentemente pode ter a mobilidade reduzida, aumentam-se os riscos de quedas, além de distúrbios do sono como insônia.

 

Estes dados parecem assustadores, não é mesmo? Calma, continue lendo, há esperança!

A dor é inerente ao envelhecimento?

Existe uma série de noções controversas sobre o envelhecimento e as queixas de dor.
Em estudo realizado pelo periódico norte-americano Journal of Familie Practice, existem alguns mitos relacionados à dor no idoso.

 

Um deles é achar que dor é parte natural do envelhecimento. Ou que a dor piora com o envelhecimento. Enfrentar a dor aumenta a sua tolerância.

 

Apesar de a dor crônica ser comumente associada à condição de envelhecimento, são muitos os estudos que não conseguiram encontrar qualquer relação com essa informação.

 

Nos Estados Unidos, o Centro Nacional de Estatísticas de Saúde (National Center for Health Statistics) apresentou em 2012 que 29% dos adultos entre 45-64 anos queixaram-se de dor aguda enquanto esse valor caiu para 21% nas pessoas com idade de 65 anos ou mais.

 

Além disso, uma meta-análise comparou a percepção de dor com relação a idade. E houve maior prevalência de dores crônicas aos 65 anos. Esse número decresceu com o aumento da idade. Mesmo acima dos 85 anos as pessoas não viram relação entre suas idades e suas dores.

Por que o idoso sente tanta dor (física)

As dores que acometem os idosos, geralmente, estão relacionadas aos problemas de saúde mais comuns nessa faixa etária. Por isso, os distúrbios que afetam os músculos e os ossos estão no topo da lista.

 

“A fraqueza muscular é fisiologicamente mais comum nos idosos, predispondo às quedas recorrentes e sobrecarga articular. Os fatores emocionais como a depressão, por exemplo, reduzem a serotonina, prejudicando o sistema analgésico e contribuindo para a amplificação e perpetuação da dor”, explica Levi Jales Neto, reumatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

 

Sabe-se que as mulheres são mais atingidas pelas dores, de forma geral. Isso ocorre por conta de questões hormonais, tipo de trabalho exercido durante a vida e por terem menos massa muscular em comparação aos homens. Com o passar dos anos, é comum que os idosos tenham uma perda da massa óssea e também fragilidade nos ossos.

 

Mas não somos só o corpo físico. Somos um conjunto do corpo físico, emocional, mental e energético (sem falar do espiritual).

E quanto às dores não físicas?

Não é tão simples separar assim. Mas optamos didaticamente por explicar desta forma. Geralmente as pessoas dão maior atenção às dores físicas, pois estas são mais visíveis e aparentemente mais aceitáveis.

 

Mas, como já dissemos, não podemos esquecer que somos um só: corpo energético, mental, emocional e físico. E quando um sintoma (dor) chega ao corpo físico, ele já passou pelos outros corpos e não demos atenção a eles.

 

A pessoa idosa tem várias alterações fisiológicas, sem dúvida, que podem contribuir para dores físicas. Mas falemos um pouco sobre as outras dores.

 

  1. A dor da aposentadoria: apesar de ser sonhada durante toda a vida laboral, quando ela chega, chega junto um vazio, uma certa crise existencial: o que farei agora? Pensei que seria diferente. Provavelmente você descobre que tem mais algumas décadas a viver.
  2. A dor da menopausa (para as mulheres) e da andropausa (para os homens): as alterações hormonais trazem uma mudança de significado na sexualidade, mudanças na textura da pele, na vitalidade, uma busca por uma nova identidade enquanto mulheres e homens.
  3. O medo da tão sonhada liberdade: “agora ninguém mais precisa de mim”. Os filhos cresceram, têm sua própria família, sua casa, enfim, suas vidas. Principalmente para as mulheres, seu maior objetivo sempre foi cuidar dos outros. E agora?
  4. Solidão: o idoso que não se engajou em uma nova vida, frequentemente se sente sozinho e desamparado.
  5. Dificuldades financeiras: se você não se preparou para sua envelhescência, pode ser que encontre dificuldades financeiras para ter qualidade de vida nesta fase da vida. Principalmente se tiver a mentalidade de que envelhecer = adoecer. Daí gastará grande parte de sua aposentadoria em remédios e tratamentos médicos.
  6. Medo de adoecer: é comum as pessoas associarem velhice com doença. E depois não sabem porque a OMS está querendo oficializar velhice como doença.
  7. Finalmente, medo de morrer: estes dias, fiz aniversário (62 anos) e minha neta de 5 anos disse que não era bom fazer aniversário, pois cada vez que eu fizer aniversário eu estarei mais perto de morrer. Desde criança aprendemos que envelhecer é morrer. O medo da morte é cultural e é muito real para nós.

 

Com certeza há muitas outras dores, como o medo de ficar feia, enrugada, não mais ser desejada, entre outros.

 

A velhice deve ser compreendida em sua totalidade porque é, simultaneamente, um fenômeno biológico com consequências psicológicas. Como todas as situações humanas, a velhice tem uma dimensão existencial, que modifica a relação da pessoa com o tempo, gerando mudanças em suas relações com o mundo e com sua própria história. Assim, a velhice não poderia ser compreendida senão em sua totalidade, também como um fato cultural.

 

Deve, ainda, ser entendida como uma etapa do curso da vida na qual, em decorrência da avançada idade cronológica, ocorrem modificações de ordem biopsicossial que afetam as relações do indivíduo com o seu contexto social. Assim como todas as fases da vida tem suas mudanças.

Tratamentos e formas de longeviver com qualidade de vida

Quando falamos de dor física, existem diversas opções de tratamento disponíveis para controlar a dor crônica em idosos. A primeira tentativa costuma ser a indicação de medicamentos com outras ações combinadas para melhorar a qualidade de vida. O tratamento medicamentoso é realizado com várias classes de remédios que vão de analgésicos a antidepressivos para combater a depressão e a apatia.

 

Já sabemos que os problemas relacionados à interação medicamentosa em idosos é uma das principais causas de internação nos EUA. O metabolismo dos idosos é diferente, por isso a utilização de medicamentos deveria ser muito rigorosa.

 

“A imobilidade é um fator que piora muito a situação. Por isso, indica-se a atividade física regular para os idosos. O corpo necessita de exercício para mantê-lo sem dor. Vale natação, caminhada e musculação leve. O importante é se manter ativo”, diz Marcelo Levites, clínico geral e coordenador do programa de longevidade do Hospital 9 de Julho (SP).

 

Os tratamentos não medicamentosos para dor incluem acupuntura, massagens, técnicas de relaxamento, meditação, autoconhecimento e psicoterapia. Podem ser indicados medidas terapêuticas como fisioterapia motora para fortalecimento muscular. Hidroterapia e Pilates são opções consideradas eficientes para controle de lombalgia e dor osteomuscular.

 

Os especialistas reforçam que a dor não deve ser considerada uma situação inevitável do envelhecimento. “Ter um estilo de vida saudável com a prática de atividades físicas regulares, controle de peso e uma boa alimentação ajudam a diminuir os problemas de saúde e, consequentemente, no controle da dor nos idosos”, diz Ishiomoto.

 

E nós acrescentamos que aceitar o envelhecimento como uma fase natural da vida com leveza e alegria, aceitar suas limitações, desenvolver a auto eficácia, ter um projeto de vida, ter amigos e independência financeira são formas comprovadamente eficientes para se manter saudável na velhice e evitar e/ou tratar a maioria das dores (físicas ou não).

 

Além disso, foi publicado, em 2006 um estudo que mostra que as pessoas com 50 anos de idade que possuíam uma percepção positiva de si mesmas em relação ao seu envelhecimento, apresentaram melhores condições de Saúde pelas próximas duas décadas. Ainda viveram, em média 7 anos e meio a mais do que àquelas com visão negativas da mesma idade.

Falar de velhice não deve ser um estigma

Nos encanta falar da velhice, sem vergonha de nos assumirmos “velhas”, afinal é isso que somos, gostemos ou não. E velhas porque simplesmente vivenciamos a fase da vida chamada velhice. Simples assim.

 

Falar de velhice não deve ser um estigma pois temos mais é que botar para fora o que nos incomoda com essas palavras e tornar a vida mais leve. Se o que nos incomoda lá no fundo é a nossa finitude, vamos então buscar espaços para que possamos falar de nossos demônios e enxergar a velhice uma etapa de oportunidades. Oportunidade para sabermos quem somos, oportunidade para nosso aprimoramento espiritual, oportunidade para valorizar o cotidiano, as relações, os afetos.

 

É isso que trabalhamos na Canguru, indo na contramão do discurso de que a velhice é uma fase de declínio, de degeneração, de fim de linha. É o orgulho de sermos velhos que nos aproxima.

 

Sabemos que o enfoque excessivo nas perdas e declínio só acentua a vulnerabilidade que prejudica as possibilidades de independência e autonomia, e a aceitação da velhice como condição contemporânea de ser.

 

E como diz o Grupo Trabalho 60+, “somos velhos contemporâneos. Não novos velhos, porque não precisamos colocar a palavra “novos” na frente de velhos para sermos aceitos pela sociedade. Protagonistas de nossas velhices, que são plurais”.

 

Envelhecer é um fato que é vida e a vida se faz de polaridade o tempo todo, de perdas e ganhos, de tristezas e alegrias, de saúde-doença…, o tempo todo, e em todas as fases da vida.

 

Ah, será tão bom quando todos não tivermos vergonha de sermos quem somos! Isto é autoconhecimento.

 

Fontes:

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/10/09/todo-idoso-sente-dor-nao-condicao-nao-precisa-fazer-parte-da-velhice.htm

https://idosos.com.br/a-dor-como-parte-do-envelhecimento/

https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/as-dores-e-as-delicias-de-se-envelhecer/

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